domingo, 30 de maio de 2010

Vertov

Denis Arkadievitch Kaufman, nascido em 1986 foi um jornalista, cineasta e documentarista, que mais tarde se tornaria o grande nome do cinema russo Dziga Vertov. Ainda jovem Denis, que se considerava futurista, mudou seu nome para Dziga (palavra ucraniana que significa roda que gira sem cessar) Vertov (do russo vertet que significa rodar, girar). Em 1918 Vertov tornou-se o produtor do primeiro cine-jornal do Estado Soviético. Em 1923 cria com sua mulher e seu irmão o “Clube dos Três”. Eles denominavam-se Kinoks. Kino é uma palavra de origem russa que significa cine, e oko significa olho. Assim desenvolveram a teoria do “Kino Pravda”, o “cinema de verdade” que foi referência para muitas outras que surgiram depois. Juntos desenvolveram 23 produções cinematográficas. Em 1923 desenvolvem seu primeiro manifesto teórico “A Revolução dos Kinoks”. Todos seus trabalhos desenvolvidos, tanto práticos como teóricos, trabalhavam a relação entre olho, câmera, realidade e montagem. Vertov desenvolveu inúmeros experimentos a partir desses quatro elementos.
Seus filmes capturavam o cotidiano das cidades russas, principalmente de Moscou, se preocupando com a realidade sem nenhum tipo de direção documental.
Seu principal filme foi “O homem com uma câmera”. Vertov possui uma preocupação especial com a montagem que atribuía estética e sentido aos seus filmes repletos de significados e intenções poéticas. Suas produções partiam da simples idéia de coletar fragmentos do dia a dia das cidades como ruas, becos, rostos e fábricas da União Soviética. Seus filmes não tinham a necessidade de uma trama, mas sim a idéia de um cinema puro, porém com uma narrativa de ação bem amarrada trabalhando as imagens que se somam em um ritmo alucinante.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Experimentalismo soviético

A montagem foi um acontecimento revolucionário na história do cinema. A falta de películas nas faculdades de Moscou levou os alunos a juntarem vários pedaços de filmes famosos, criando uma nova obra e descobrindo então a montagem. Com a Revolução Russa sendo uma grande influenciadora nessa época, o cinema soviético tem uma característica ideológica, sem perder o impacto visual.

Um de seus mestres é o famoso e importante cineasta soviético Sergei Eisenstein, cujo primeiro filme foi “O Diário de Glumov” em 1923, junto com Dziga Vertov. Eisenstein formalizou os métodos de montagem estabelecidos pelo americano D. W. Griffith, o qual havia percebido que poderia alterar as várias dimensões do plano com a câmera, afastando, aproximando e cortando os atores, obtendo, assim, diferentes tensões dramáticas. Com isso Eisenstein estabeleceu a composição de contraponto ou dialética. “Não existe um cineasta no mundo que não lhe deva alguma coisa. O melhor do cinema soviético saiu de Intolerância. Quanto a mim, lhe devo tudo” afirmou sobre D.W. Griffith.

Aos 27 anos, Sergei Eisenstein lançou uma de suas obras mais famosas, “O Encouraçado Potemkin”, e que é considerada, juntamente com “Cidadão Kane” de Orson Welles, uma das mais importantes na história do cinema.



domingo, 2 de maio de 2010

A ARTE INVISÍVEL

Na era do 3D e do Blu Ray, na qual os espectadores são educados desde muito cedo com a linguagem audiovisual e a assimilam e dominam bem, é difícil pensar que há cerca de 120 anos, quando o cinema dava seus primeiros passos, os filmes eram feitos com câmeras estáticas, em preto e branco, sem som e ainda por cima com o andamento de quadros levemente acelerado. É mais difícil ainda assimilar que estes filmes efetivamente impressionavam o público.
A linguagem audiovisual teve uma evolução incrível ao longo do século XX e o cinema passou a andar com as próprias pernas. Aos poucos os planos, a atuação dos atores e a própria narrativa foi se distanciando do teatro, compondo uma nova linguagem. E esta mudança é fortemente atribuída a uma arte exclusiva do cinema, a montagem.
Os primeiros filmes da história tinham a exata duração de um take, ou seja, não havia cortes ou sequências de tomadas. Os primeiros experimentos com edição foram observados pelos próprios operadores de câmera. Quando a máquina parava ou um take era interrompido e outro era iniciado em seguida, havia um corte. Alguns realizadores se aproveitaram disso para desenvolver o que hoje chamamos de edição.
O ilusionista francês George Meliés foi um dos primeiros cineastas a realizar experiências desta natureza. Quando percebeu as possibilidades do corte, passou a realizar experimentos visando criar uma ilusão, uma manipulação da realidade no que diz respeito a tempo e espaço.No entanto, a linguagem da edição só começou a ser efetivamente moldada a partir de meados de 1903, com o diretor americano Edwin S. Porter. Nomeado diretor dos estúdios da companhia de Thomas Edison, Porter foi o responsável não somente pela criação de diversas técnicas de transições mais suaves, mas também pelo uso de uma diversidade grande de planos e diferentes técnicas de cortes como o cross-cutting, que sugere duas ações simultâneas, intercalando cenas. Filmes como Life of an American Fireman e The Great Train Robbery são considerados até hoje os primeiros filmes que utilizaram a edição como forma de auxiliar o entendimento da narrativa.