domingo, 2 de maio de 2010

A ARTE INVISÍVEL

Na era do 3D e do Blu Ray, na qual os espectadores são educados desde muito cedo com a linguagem audiovisual e a assimilam e dominam bem, é difícil pensar que há cerca de 120 anos, quando o cinema dava seus primeiros passos, os filmes eram feitos com câmeras estáticas, em preto e branco, sem som e ainda por cima com o andamento de quadros levemente acelerado. É mais difícil ainda assimilar que estes filmes efetivamente impressionavam o público.
A linguagem audiovisual teve uma evolução incrível ao longo do século XX e o cinema passou a andar com as próprias pernas. Aos poucos os planos, a atuação dos atores e a própria narrativa foi se distanciando do teatro, compondo uma nova linguagem. E esta mudança é fortemente atribuída a uma arte exclusiva do cinema, a montagem.
Os primeiros filmes da história tinham a exata duração de um take, ou seja, não havia cortes ou sequências de tomadas. Os primeiros experimentos com edição foram observados pelos próprios operadores de câmera. Quando a máquina parava ou um take era interrompido e outro era iniciado em seguida, havia um corte. Alguns realizadores se aproveitaram disso para desenvolver o que hoje chamamos de edição.
O ilusionista francês George Meliés foi um dos primeiros cineastas a realizar experiências desta natureza. Quando percebeu as possibilidades do corte, passou a realizar experimentos visando criar uma ilusão, uma manipulação da realidade no que diz respeito a tempo e espaço.No entanto, a linguagem da edição só começou a ser efetivamente moldada a partir de meados de 1903, com o diretor americano Edwin S. Porter. Nomeado diretor dos estúdios da companhia de Thomas Edison, Porter foi o responsável não somente pela criação de diversas técnicas de transições mais suaves, mas também pelo uso de uma diversidade grande de planos e diferentes técnicas de cortes como o cross-cutting, que sugere duas ações simultâneas, intercalando cenas. Filmes como Life of an American Fireman e The Great Train Robbery são considerados até hoje os primeiros filmes que utilizaram a edição como forma de auxiliar o entendimento da narrativa.

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